segunda-feira, 24 de novembro de 2008

António Fernandes Aleixo




António Fernandes Aleixo (Vila Real de Santo António, 18 de Fevereiro de 1899 — Loulé, 16 de Novembro de 1949) foi um poeta popular português. Considerado um dos poetas populares algarvios de maior relevo, famoso pela sua ironia e pela crítica social sempre presente nos seus versos, António Aleixo também é recordado por ter sido simples, humilde e semi-analfabeto, e ainda assim ter deixado como legado uma obra poética singular no panorama literário português da primeira metade do século XX.


No emaranhado de uma vida recheada de pobreza, mudanças de emprego, imigração, tragédias familiares e doenças, na sua figura de homem humilde e simples, havia o perfil de uma personalidade rica, vincada e conhecedora das diversas realidades da cultura e sociedade do seu tempo. Do seu percurso de vida fazem parte profissões como tecelão, guarda de polícia e servente de pedreiro, trabalho este que, como imigrante, foi exercido em França.

De regresso ao seu país natal, restabeleceu-se novamente em Loulé, onde passou a vender cautelas e a cantar as suas produções pelas feiras portuguesas, actividades que se juntaram às suas muitas profissões e que lhe renderia a alcunha de "poeta-cauteleiro".

Faleceu por conta de uma tuberculose, em 16 de Novembro de 1949, doença que tempos antes havia também vitimado uma de suas filhas.

Alberto Caeiro





“Nascido em Maio de 1914 é mestre de todos os heterônimos”, Alberto Caeiro é o poeta que foge para o campo, tentando viver na mais absoluta depuração, como as flores, os regatos, os prados, etc., os quais obviamente são incapazes de refletir e questionar o mundo. Portanto, são felizes na sua própria inconsciência. Caeiro admira a Natureza e busca atingir a mesma impassibilidade dos elementos naturais. Para este heterônimo o mundo não encerra mistérios: Deus, metafísica.



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"Ao Entardecer"






Debruçado pela janela,


E sabendo de soslaio que há campos em frente,


Leio até me arderem os olhos O livro de Cesário Verde.


Que pena que tenho dele! Ele era um camponês
Que andava preso em liberdade pela cidade.


Mas o modo como olhava para as casas,
E o modo como reparava nas ruas


E a maneira como dava pelas cousas,
É o de quem olha para árvores,
E de quem desce os olhos


pela estrada por onde vai andando
E anda a reparar nas flores que há pelos campos ...


Por isso ele tinha aquela grande tristeza
Que ele nunca disse bem que tinha,
Mas andava na cidade como quem anda no campo
E triste como esmagar flores em livros E pôr plantas em jarros...

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"Ah!Querem uma luz melhor"
AH! Querem uma luz melhor que a do Sol!


Querem prados mais verdes do que estes!

Querem flores mais belas do que estas que vejo!
A mim este Sol, estes prados, estas flores
contentam-me. Mas, se acaso me descontentam,
O que quero é um sol mais sol que o Sol, O que
quero é prados mais prados que estes prados,
O que quero é flores mais estas flores que estas
flores - Tudo mais ideal do que é do mesmo modo e da mesma maneira!

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Álvaro de Campos





Álvaro de Campos (1890 - 1935) é um dos heterónimos mais conhecidos de Fernando Pessoa. Este fez uma biografia para cada um dos seus heterónimos e declarou assim que Álvaro de Campos : «Nasceu em Tavira, teve uma educação vulgar de Liceu; depois foi mandado para a Escócia estudar engenharia, primeiro mecânica e depois naval. Numas férias fez a viagem ao Oriente de onde resultou o Opiário. Agora está aqui em Lisboa em inactividade.»



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"Ah, um Soneto"

Meu coração é um almirante louco



que abandonou a profissão do mar



e que a vai relembrando pouco a pouco



em casa a passear, a passear ...
No movimento (eu mesmo me desloco



nesta cadeira, só de o imaginar)



o mar abandonado fica em foco



nos músculos cansados de parar.
Há saudades nas pernas e nos braços.



Há saudades no cérebro por fora.



Há grandes raivas feitas de cansaços.
aw Mas — esta é boa! — era do coração



que eu falava...



e onde diabo estou eu agora



com almirante em vez de sensação? ...
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"Conclusão a sucata !"



Fiz o cálculo, Saiu-me certo, fui elogiado...



Meu coração é um enorme estrado Onde se expõe um pequeno animálculo...
A microscópio de desilusões Findei, prolixo nas minúcias fúteis...



Minhas conclusões práticas, inúteis...



Minhas conclusões teóricas, confusões...
Que teorias há para quem sente O cérebro quebrar-se, como um dente Dum pente de mendigo que emigrou ?
Fecho o caderno dos apontamentos E faço riscos moles e cinzentos Nas costas do envelope do que sou...

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Ricardo Reis



Ricardo Reis (1887 - 1936) é um dos três heteronimos mais conhecidos de Fernando Pessoa. Nascido na cidade do Porto. Estudou num colégio de jesuítas, formou-se em medicina e, por ser monárquico, expatriou-se espontaneamente desde 1919, indo viver no Brasil. Era latinista e semi-helenista.


A poesia de Ricardo Reis é constituída com bases em ideias elevadas e odes, ou seja, na poesia de Reis é constante o Neoclassicismo. Para finalizar, podemos concluir que através da intemporalidade das suas preocupações, a angústia da brevidade da vida, a inevitável morte e a interminável busca de estratégias de limitação do sofrimento que caracteriza a vida humana, Reis tenta iludir o sofrimento resultante da consciência aguda da precariedade da vida.




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"A cima da Verdade"
Acima da verdade estão os deuses.
A nossa ciência é uma falhada cópia
Da certeza com que eles
Sabem que há o Universo.
Tudo é tudo, e mais alto estão os deuses,
Não pertence à ciência conhecê-los,
Mas adorar devemos
Seus vultos como às flores,
Porque visíveis à nossa alta vista,
São tão reais como reais as flores
E no seu calmo Olimpo São outra Natureza.

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"As Rosas"
As Rosas amo dos jardins de Adônis,
Essas volucres amo, Lídia, rosas,
Que em o dia em que nascem,
Em esse dia morrem.
A luz para elas é eterna, porque
Nascem nascido já o sol, e acabam
Antes que Apolo deixe
O seu curso visível.
Assim façamos nossa vida um dia,
Inscientes, Lídia, voluntariamente
Que há noite antes e após
O pouco que duramos.



Heteronomia

Os heterónimos constituem uma personalidade. O criador do heterónimo é chamado de "ortónimo". O maior e mais famoso exemplo da produção de heterónimos é do poeta português Fernando Pessoa, criador de Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro, além de outros de menor importância e do semi-heterónimo Bernardo Soares.

Análise





Tão abstracta é a ideia do teu ser que me vem de te olhar,
que, ao entreter os meus olhos nos teus, perco-os de vista,

E nada fica em meu olhar, e dista teu corpo do meu ver tão longemente,

a ideia do teu ser fica tão rente ao meu pensar olhar-te,


e ao saber-me sabendo que tu és, que, só por ter-me consciente de ti,

nem a mim sinto.E assim, neste ignorar-me a ver-te,

minto a ilusão da sensação, e sonho, não te vendo, nem vendo,

nem sabendo que te vejo, ou sequer que sou,

risonho do interior crepúsculo tristonho em que sinto que sonho o que me sinto sendo.

De Fernando Pessoa, 12-1911.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Fernando Pessoa





Fernando Pessoa nasceu em Lisboa a de 13 Junho de 1888 e morreu com problemas hepáticos em Lisboa a 30 de Novembro de 1935.É considerado um dos maiores poetas de Lingua Portuguesa.

Garcia de Orta

Cronologia de Garcia de Orta
-1499: Garcia da Orta nasce em Castelo de Vide, filho de Fernando (Isaac) da Orta e de Leonor Gomes.
- 1523: Retorna a Portugal depois de estudar medicina em Salamanca e Alcalá de Henares.
- 1530: Ingressa como professor de Lógica na Universidade de Coimbra.
- 1534: Parte para Goa, Índia portuguesa, onde passa a residir, a trabalhar como médico e no comércio de especiarias e pedras preciosas.
- 1563: Publica o seu Colóquios dos Simples e Drogas da Índia.
- 1568: Falece.
- 1580, 4 de dezembro: Condenado post-mortem pelo Tribunal do Santo Ofício pelo "crime" de "judaísmo"; tem seus ossos desenterrados e queimados

A Vida de Garcia de Orta

Nasceu em 1501 em Castelo de Vide, filho do mercador Fernando (Isaac) de Orta e de Leonor Gomes. Os pais eram judeus espanhóis e por isso, foram expulsos do país pelos Reis Católicos (1492), refugiando-se em Castelo de Vide. Estudou nas Universidades de Salamanca e Alcalá de Henares, diplomando-se em Artes, Filosofia natural e Medicina, por volta de 1523.
Regressou a Castelo de Vide (1523) e foi dado como apto para praticar medicina em 1526, mudando-se então para Lisboa. Em Lisboa, tornou-se médico de D. João III e conheceu o grande matemático Pedro Nunes. Foi escolhido para dar conferências de Filosofia Natural na Universidade de Lisboa, e em 1533 foi eleito pelo conselho para professor da cadeira.
Embarcou para a Índia a 12 de Março de 1534 como médico pessoal de Martim Afonso de Sousa, que foi para o Oriente como capitão-mor do mar da Índia entre 1534 e 1538 e governador de 1542 a 1545. Depois de acompanhar o seu patrono durante os quatro anos em que este granjeou grande prestígio em várias campanhas militares na Índia, Orta estabeleceu-se como médico em Goa, onde adquiriu grande reputação. Aí ganhou a amizade de Luís de Camões. Graças ao seu serviço e amizade com o Vice-Rei, foi lhe doado o foro da cidade de bombaim, então portuguesa.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Os Lusíadas


Os Lusíadas é uma obra poética escrita por Luís Vaz de Camões, considerada a epopeia portuguesa por excelência. Provavelmente concluída em 1556, foi publicada pela primeira vez em 1572 no período literário do classicismo, três anos após o regresso do autor do Oriente.

A obra é composta de dez cantos, 1102 estrofes que são oitavas decassílabo, sujeitas ao esquema rímico fixo AB AB AB CC – oitava rima camoniana. A acção central é a descoberta do caminho marítimo para a Índia por Vasco da Gama, à volta da qual se vão descrevendo outros episódios da história de Portugal, glorificando o povo português.
Podem ver neste vídeo um breve resumo desta magnífica obra:

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Luis de Camões


Desconhe-se a data e o local onde terá nascido Luís de Camões, pensa-se que nasceu entre 1575 e 1525 e faleceu a 10 de Junho de 1580. A sua família era de origem galega que ficou na cidade de Chaves e mais tarde terá ido para Coimbra e para Lisboa.A sua maior obra foi Os Lusíadas.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

BEM-VINDOS

Este blogue foi criado para a disciplina de Área De Projecto, pelo grupo "Os Poetas", constituido por Luciana Beldade, Natacha Adro, Luis Medeiros e João Calhau.